A história do banco de dados caminha com a história da informática, desde seu início, quando a tecnologia ficou acessível às grandes empresas privadas, em meados dos anos de 1960. Nesta época, dois modelos de processamento se destacam, o modelo em rede (e, provavelmente o banco de dados mais famoso em rede é o ADABAS), e o modelo hierárquico, com seus bancos de dados até hoje utilizados.

Somente por curiosidade, a IBM desenvolveu no final da década de 1960 um software baseado no modelo em rede, para a American Airlines, o SABRE. Quem já passou pelas áreas de tecnologia das grandes agências de viagem brasileiras saberá que até hoje utilizam esse software para gerenciamento de dados de reservas ONLINE.

Início dos Bancos de Dados Relacionais

Chega a década de 1970 e a necessidade de aceleração do desenvolvimento de sistemas. Estudiosos sugerem a separação das estruturas mais físicas das estruturas mais lógicas e a especialização dos profissionais da informática começa a ser melhor definida. Surge, então, o INGRES e a linguagem QUEL, da Universidade de Berkley na California, base para o posterior desenvolvimento de produtos bem conhecidos de banco de dados, como o Informix, o Sybase e mais tarde o SQL Server. Outro merecedor de destaque é o System R e a linguagem SEQUEL, da IBM, utilizado como base para o desenvolvimento do DB2 e do banco de dados Oracle.

A diagramação do sistema antes do seu desenvolvimento também é sugerido, e o padrão ERD, traduzido para o português como modelo entidade-relacionamento, toma forma.

Padronização e Comercialização

Na década de 1980 diversas empresas desenvolvem diferentes produtos de bancos de dados para diversos tipos de clientes e necessidades. É o início da comercialização dos bancos relacionais famosos até hoje, caso do DB2, do Oracle Database, do Sybase, do Informix, mas também de muitas outras tecnologias bastante utilizadas na época, tais como o RIM, RBASE 5000, PARADOX, OS/2 Database Manager, Dbase, FoxBASE, FoxPRO, etc. Com tamanha diversidade, os principais fabricantes da época acordam um padrão para o acesso aos dados, o SQL-ANSI para a linguagem SQL. Forma-se, então, a base do que conhecemos até hoje para o desenho, acesso e gerenciamento de aplicações em bancos de dados relacionais.

A arquitetura cliente/servidor e o DESEMPENHO dos bancos de dados

Chega a década de 1990 e a TI domina todos os departamentos das empresas de médio e grande porte. Os sistemas precisam ser mais acessível e adaptáveis aos seus usuários e a arquitetura cliente-servidor, com a apresentação e lógica da aplicação predominantemente do lado do cliente e os dados e processos em segundo plano, hospedados predominantemente no banco de dados, torna-se padrão para a época, substituindo gradativamente aplicações mainframe, menos visuais e de manutenção mais lentas. No final, quem se destaca são ferramentas de desenvolvimento RAD (Rapid Application Development), entre elas o Powerbuilder da Sybase, o Developer/2000 da Oracle, e o Visual Basic da Microsoft com seu novo banco de dados, o SQL Server. O DB/2 da IBM perde um pouco de espaço, mas continua significativo (em seu potente conjunto composto de servidores POWER, sistema operacional AIX e banco de dados DB2) nas grandes aplicações que surgem, tais como o SAP, o Peoplesoft e o JDedwards, entre outras já existentes.

Os bancos de dados que se destacam nesse período têm algo em comum, a grande quantidade de configurações internas para ajuste de desempenho do produto.

Servidores de aplicação/bancos de dados e a DISPONIBILIDADE dos sistemas

A década de 2000 é marcada pela migração de sistemas das empresas para a WEB, em uma arquitetura mais parecida com os antigos mainframes, separados entre servidores menores de aplicação e banco de dados. A necessidade de sistemas acessíveis em qualquer momento, de qualquer lugar, consolida softwares de disponibilidade integrados ao banco de dados, tais como clusters ativo/ativo e ativo/passivo, stand-by databases, mirrors, slaves, vitualização vertical e horizontal, etc. Também populariza-se a cultura de software de código aberto (open source) e parte significativa das empresas passam a utilizar o MySQL ou o PostgreSQL dentro de suas estruturas.

A computação em Nuvem e a SEGURANÇA das informações

De 2010 em diante, as empresas comerciais viabilizam a utilização da infraestrutura como serviço (IAAS). Cresce o conceito de computação em nuvem, e a Amazon, a Google e principalmente a Microsoft dominam essa plataforma para empresas. Com aplicações totalmente disponíveis na WEB, surgem questões comprometedoras de invasão de privacidade e segurança dos dados fica cada vez mais no radar de empresas e governos, em todo o mundo. Em paralelo, as redes sociais não se adaptam totalmente ao modelo relacional para seus sistemas e desenvolvem o conceito de banco de dados NoSQL. Grandes aplicações de internet e mobile e, praticamente todo site de vendas de produtos e serviços, tornam-se, em algum nível, redes sociais consumidoras dessa tecnologia, utilizando softwares como o MongoDB, o Redis, o Cassandra, o HBase, o DynamoDB, o Neo4j, o Couchbase, o CouchDB, o Hive, o Cosmos DB. Ainda nova, tal tecnologia possui diversos fabricantes, alguns tradicionais outros iniciantes no mercado de banco de dados.

A tendência, novamente, é que essa quantidade enorme de softwares NoSQL consolide-se em apenas alguns poucos fabricantes.

Conclusão

A evolução da tecnologia da informação comercial e as exigências de seus usuários, conduziram naturalmente os principais fabricantes a desenvolverem diversas funcionalidades avançadas voltadas à segurança, desempenho e disponibilidade dos seus produtos. Esses três pilares, que são tratados com muita atenção e experiência por nossa equipe de DBAs, devem ser cuidadosamente estudados e aplicados com critério na infraestrutura do cliente, entendendo que nem toda tecnologia disponível é adequada em qualquer situação. Por outro lado, a configuração “padrão de fábrica” normalmente é insuficiente para extrair capacidade plena do software adquirido, lembrando que a intenção é tentar garantir o máximo de retorno ao investimento realizado em bancos de dados pelas empresas.

Juliano BomfimSócio
DBA Tecnologia da Informação e Comunicação Ltda.